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Tesouro do poeta

As flores murcharam no barro plasmado
O candelabro apagou
Eis-me aqui nesse templo ancestral
Que abrigou meus infames desejos

Um velho sábio varre os cacos
Das quimeras tardias 
Depois mirou o crepúsculo com olhar reticente
Sibilando elegias Rilkeanas

A tarde se despediu 
Cheia de reclamos como as carpideiras
Deitei-me na relva com o coração sangrando
Ao longe, ouço vaticínios de um livro sagrado

No céu das retinas, a dama de preto saudou-me
Num carrossel de nuvens púmbleas
As juremas me acordaram ferindo a epiderme da alma com seus dedos de caranguejo

Regressei para casa coçando os bolsos vazios
Com a sensação de perda
Esta tarde pode ser a última
Este pobre verso é tudo que tenho nas mãos.

 

Luciano Dosanjos

 

 

 

 

 

 

 

         

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